PDEE prevê expansão da geração para 251 GW
No documento, o MME evidencia a necessidade de modernização do parque termelétrico do País; a participação vai de 14% em 2019 para 18% em 2029
12/02/2020

Paranoá Energia - A capacidade instalada de geração de energia elétrica deve crescer 43% entre 2019 e 2029, passando de 176 GW para 251 GW. A projeção consta na versão final do Plano Decenal de Energia (PDE) 2029, divulgado nesta terça-feira, 11 de fevereiro, pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em evento realizado na sede do ministério, em Brasília.

De acordo com o PDE 2029, a geração centralizada deve crescer 37% no período, de 161 GW para 221 GW. A autoprodução deve expandir 41%, de 13,2 GW para 18,6 GW. Já a geração distribuída deve apresentar alta de 776,9%, de 1,3 GW para 11 GW.

Previsão de investimentos

O Ministério de Minas e Energia (MME) trabalha com a previsão de que a indústria brasileira de energia demandará investimentos totais de R$ 2,34 trilhões até 2029 para acompanhar o crescimento do mercado.

Do volume total, o PDE 2029 aponta que R$ 1,9 trilhão serão destinados para indústria de petróleo e gás natural e para o setor de biocombustíveis.

A área de exploração e produção irá demandar R$ 1,736 trilhão, o mercado de gás, R$ 33 bilhões, a área de distribuição de combustíveis (abastecimento), R$ 37 bilhões, e o segmento de biocombustíveis, R$ 71 bilhões.

Por sua vez, o setor elétrico, excluindo o segmento de distribuição, irá demandar outros R$ 456 bilhões, sendo R$ 303 bilhões em geração centralizada, R$ 50 bilhões em geração distribuída e R$ 104 bilhões em transmissão.

Fontes de geração

No período em questão, a participação da energia solar deve passar dos atuais 2% para 8% e a fonte eólica, de 9% para 16%. A geração hidrelétrica de grande porte, por sua vez, deve cair de 58% para 42%. Apesar do aumento da contribuição de eólicas e solares, a participação das fontes renováveis na matriz elétrica vai cair de 83% para 80% no período. Além da menor presença das hidrelétricas, contribui para este resultado a expectativa de expansão das usinas a gás natural, que devem passar de 7% para 14% de 2019 a 2029.

Segundo o MME, o Brasil continuará com uma oferta de geração elétrica predominantemente renovável, composto por hidrelétricas (de grande e pequeno porte), eólicas, solares e usinas a biomassa. “Além desses importantes recursos, a expansão de referência indica também a complementação termelétrica a gás natural e carvão, que será fundamental para garantir a segurança do suprimento”, informou o MME, no documento, sinalizando a crescente importância do gás na matriz energética brasileira.

O PDE 2029 prevê uma redução expressiva da capacidade instalada de térmicas movidas a óleo combustível e diesel. Essas fontes devem cair de 4,7 GW, em 2019, para 0,4 GW, em 2029. A capacidade dos projetos a carvão também deve ser reduzida de 2,7 GW para 2,1 GW. Essas fontes deverão ser substituídas por térmicas a gás natural, cuja potência deve saltar de 12,9 GW para 36,2 GW no período.

“O PDE 2029 busca evidenciar a necessidade de modernização do parque termelétrico em operação. Esse incremento de oferta faz com que a participação termelétrica na capacidade instalada varie de 14% em 2019 para 18% em 2029”, disse o MME.

O material, por sua vez, não fala da expansão da usina nuclear, fonte defendida pelo ministro de MME, Bento Albuquerque. No período, a capacidade instalada da energia nuclear deve passar de 2 GW para 3,4 GW, em referência à usina Angra 3 – provavelmente nenhum outro projeto entrou no PDE 2029 porque o período de construção de uma térmica nuclear supera os 10 anos, pela complexidade de um empreendimento deste porte.

Os estudos do PDE 2029 também apontam para um crescimento de 32% na extensão do sistema de transmissão de energia elétrica, passando de 154,41 mil quilômetros (km), em 2019, para 203,41 mil km, em 2029. A capacidade de transformação das subestações também deve aumentar 41% no período em questão, de 396 mil MVA para 557 mil MVA.

Aumento no consumo

O Ministério de Minas e Energia (MME) projeta que o consumo final de energia deve crescer a uma taxa média anual de 2,5% entre 2019 e 2029. No acumulado do período, a expansão deve ser da ordem de 28%, passando de 263 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep), em 2019, para 336 Mtep, em 2029.

“A intensidade energética se reduz no período, graças à eficiência energética e a mudanças na participação dos setores no consumo de energia”, informou o MME, na apresentação do PDE.

De acordo com o PDE 2029, o consumo total de eletricidade deve crescer 11% a mais do que a economia brasileira, registrando uma elasticidade-renda de 1,3 vez no decênio.

Entre os derivados, diesel e gasolina continuam como os principais combustíveis, respondendo por quase dois terços do consumo de derivados de petróleo no País. “Cerca de 70% do consumo final de derivados é direcionado para o setor de transportes”, projetou o MME no estudo.

Na análise por setor, o segmento industrial e o setor de transportes, somados, continuam a representar mais de 60% do consumo final de energia. “O setor energético ganha importância no consumo final de energia, influenciado principalmente pelo aumento de produção do pré-sal, aliado ao incremento da produção do setor sucroalcooleiro”, informou o MME.

Gás natural

O PDE 2029 projeta também que o consumo de gás natural no fim do decênio será de 87,6 milhões de m³/dia, o que representa um acréscimo de 10 milhões de m³/dia em relação ao consumo projetado para 2019.

Os principais condutores do crescimento da produção de gás natural no pré-sal serão as bacias de Campos e Santos. No pós-sal, estará a bacia Sergipe-Alagoas.

De acordo com o documento, o mercado consumidor de gás natural apresenta expectativa de uma taxa média de crescimento anual de 1,4% para a demanda não-termelétrica entre 2019 e 2029. A projeção de demanda de gás natural para geração de eletricidade aponta para um incremento de 1,3 milhão de m³/dia, em 2029, o que representa um acréscimo de 6,5% em relação ao ano de 2019.

Escoamento de gás

O Plano Indicativo de Processamento e Escoamento de gás natural (Pipe) prevê investimentos de R$ 4,5 bilhões na Bacia de Santos e Cubatão pela rota 4a. Já a rota 4b terá investimentos de R$ 4,9 bilhões na Bacia de Santos e em Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro.

Pela rota 5a, o capex será de R$ 3,4 bilhões (Bacia de Campos e Porto do Açu-RJ); pela rota 5b de R$ 3,4 bilhões (Bacia de Campos e Tepor-RJ); e pela rota 5c de R$ 5,2 bilhões (Bacia de Campos e Porto do Itaguaí-RJ). Na rota 6a, o investimento será de R$ 2,5 bilhões (Bacia de Campos e Porto central-ES) e na rota 6b mais R$ 2,5 bilhões (Bacia de Campos e Porto do Açú-RJ).

Ainda segundo o levantamento, os investimentos indicativos associados ao Novo Mercado de Gás terão um montante de R$ 43 bilhões, acima dos R$ 18 bilhões considerados no cenário de referência.

O PDE prevê ainda distribuição de gás por gasoduto, transporte ferroviário, rodoviário e cabotagem em 2029. A demanda de gás adicional pode chegar a 21 e 24 milhões de metros cúbicos por dia em 2029 com o novo mercado de gás.

Projeções para PIB

A versão definitiva do Plano Decenal de Energia 2029 prevê que a economia brasileira irá crescer 2,8% entre 2020 e 2024 e 3% entre 2025 e 2029, no cenário de referência. No cenário alternativo, a expansão do PIB seria de 3,7% entre 2020 e 2024 e de 3,5%, entre 2025 e 2029.

“No horizonte decenal, estima-se que a população brasileira cresça a uma taxa média de 0,6% ao ano, alcançando 224,3 milhões de habitantes em 2029”, segundo consta na apresentação do Ministério de Minas e Energia sobre o novo PDE.

De acordo com o documento, a expectativa é que o País alcance 81,6 milhões de domicílios particulares até o final de 2019, um acréscimo de aproximadamente 13 milhões de unidades ante 2018.

Sobre a economia internacional, o PDE considera um aumento da participação dos países em desenvolvimento no crescimento econômico, em que pese uma expectativa de desaceleração da economia chinesa. “A expectativa é de que o PIB e o comércio mundial cresçam, em média, 3,3% ao ano e 3,7% ao ano, respectivamente”, apontou o MME no documento.