CCEE reduz projeção de custo do déficit hídrico
A CCEE acredita que os preços só se elevarão apartir de janeiro/2018
31/05/2017

Valor - 30.05.2017 - A melhora das condições hídricas da última semana fez com que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) reduzisse a projeção do preço de liquidação das diferenças (PLD, referência das operações do mercado de curto prazo de energia) médio deste ano de R$ 353 por megawatt-hora (MWh) para R$ 263/MWh no submercado Sudeste/Centro-Oeste, o maior do país.

Com isso, o potencial efeito bilionário do déficit hídrico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) deve ficar consideravelmente menor neste ano.

Em todo o Brasil, o PLD médio deve ficar entre R$ 200/MWh e R$ 300/MWh até dezembro deste ano. A CCEE espera uma elevação dos preços para acima dessa faixa apenas em janeiro de 2018, mas com queda já a partir de fevereiro, chegando em torno de R$ 150/MWh em junho.

"As afluências observadas na última quinzena de maio e para o começo de junho tiveram uma melhora considerável, o que influenciou também numa queda substancial do PLD na primeira semana de junho e nas projeções para todo o ano de 2017", disse Rodrigo Sacchi, gerente de preços da CCEE, durante a apresentação do InfoPLD feita ontem.

Já a projeção do déficit hídrico passou de 19,2% para 14,8%. Com as novas premissas, o efeito estimado do GSF para o sistema no ano caiu de R$ 39,7 bilhões para R$ 20,9 bilhões.

Isso significa que uma hidrelétrica que tenha 100 MW médios de garantia física vai ter gerado, em média, 85,2 MW médios durante maio. Se a usina contratou 95 MW médios, vai precisar comprar os 10,2 MW médios restantes no mercado de curto prazo, pagando o PLD. No cenário de GSF anterior, a mesma hidrelétrica teria que comprar 14,2 MW médios. A redução do PLD também ajudou a diminuir o valor da exposição potencial do setor elétrico, pois a maior parte dos geradores acaba liquidando a exposição ao risco hidrológico no mercado de curto prazo.

Não necessariamente a exposição ao GSF vai representar custos de R$ 20,9 bilhões neste ano. "O impacto financeiro individual de cada agente depende do nível de contratação de cada um", explicou Sacchi. Considerando 100% de alocação - cenário extremamente improvável -, seriam R$ 14,2 bilhões nos contratos do mercado regulado e R$ 6,7 bilhões no mercado livre. A maior parte dos agentes tem trabalhado para reduzir a exposição e mitigar esses custos.

Apesar da melhora, o impacto financeiro no mercado livre ainda é significativo. Isso porque os agentes do mercado livre continuam protegidos por liminares que limitam à sua exposição ao GSF. Até a liquidação do mercado de curto prazo de março, realizada no início de maio, havia um montante de R$ 1,6 bilhão em aberto referente às decisões judiciais.

Sem uma solução para acabar com a judicialização no mercado livre, o montante protegido por liminares poderia chegar a R$ 8,3 bilhões, volume ainda consideravelmente elevado, que pode fazer com que o mercado trave, inviabilizando as liquidações.

Por Camila Maia