Setor de energia quer fim de revisão de índice que acontece depois de meses
Coluna Mercado Aberto - Maria Cristina Frias
30/06/2017

Folha de SP - Empresas de energia elétrica pedem o fim de uma norma da Aneel que obriga a revisão, após dois meses, de um índice importante para a formação de preços no setor. Isso os obriga a rever contratos depois desse tempo.

O PLD (preço de liquidação de diferenças) é divulgado pela CCEE semanalmente. Depois de cerca de 50 dias, a Aneel republica os valores, com eventuais revisões.

Se a agência faz um cálculo que difere em mais de 10%, contratos têm que ser refeitos.

A Aneel tem uma proposta, em fase de consulta pública, para que só haja revisão se o erro exceder 30%.

A primeira audiência sobre o tema ocorreu na quinta (29).

A maioria das comercializadoras quer acabar com a revisão, segundo Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel (associação do setor).

"Há aumentos nos contratos de energia porque embute-se o risco da revisão."

Cálculo da Thymos, consultoria contratada pela Abraceel, aponta que o valor negociado pelo MWh é R$ 14,8 mais caro por causa do risco de os negócios serem alterados posteriormente.

"De novembro para cá, isso aconteceu muito e induziu a uma leitura que é preciso acabar com esse sistema", afirma João Carlos Mello, diretor da consultoria.

A CCEE, que calcula o PLD semanalmente, aponta que em 26 ocasiões houve erros no preço, 24 de origem nos dados, como demanda de distribuidoras, nível de reservas e outras informações.

"Nós propomos um período de seis meses de transição e, depois, não haveria mais republicação", diz Rui Altieri, presidente da CCEE.

Para acessar o infográfico, clique ===> aqui <===

Trabalho e prejuízo - "Eu posso ter fechado a venda de energia a preço fixo e comprado a variável (com o PLD como referência), e se o preço do passado muda, eu tenho prejuízo", diz Alan Zelazo, da Focus Energia.

Comercializadoras que compram energia de geradores e revendem a consumidores, eventualmente, perdem dinheiro com as revisões.

"Quando há revisão, há recolhimento de ICMS errado. Existem clientes que se negam a aceitar os preços alterados, e a comercializadora não recebe de um lado", diz Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia.