Gerdau se desfaz de usinas e está perto de alcançar meta
A venda de duas UHEs contribui para a siderúrgica atingir a meta de desinvestimentos da ordem de R$ 6,3 bilhões
20/02/2018

Valor - 15.02.2018 - A Gerdau confirmou na noite de ontem que seu conselho de administração aprovou a venda de duas usinas hidrelétricas para a mineradora Kinross, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. O pagamento será de R$ 835 milhões. Com isso, a siderúrgica atinge desinvestimentos da ordem de R$ 6,3 bilhões desde que iniciou uma reestruturação financeira em 2014. Com as duas hidrelétricas, só nos últimos 45 dias a companhia terá formalizado vendas que trarão mais R$ 3,1 bilhões ao caixa e devem deixá-la mais perto da meta de ter a dívida equivalente a 2,5 vezes o Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização).

Em 31 de dezembro, a empresa fechou a venda de usinas produtoras de vergalhão e de corte e dobra de aço, nos Estados Unidos, para a americana Commercial Metals Company, por US$ 600 milhões, ou quase R$ 2 bilhões. Em 31 de janeiro, foi a vez de uma usina produtora de fio-máquina no Texas e de mais duas unidades de processamento nos Estados Unidos para a Optimus Steel, por US$ 92,5 milhões. Esses dois negócios se somaram a uma lista anterior de R$ 3,2 bilhões e que inclui a venda de sua participação na Gallatin Steel, também nos EUA, e na Sidenor, da Espanha, além da saída de negócios no Chile, entre outros.

A Gerdau tinha, em setembro de 2017, um alavancagem de 3,4 vezes o Ebitda. Em entrevista ao Valor publicada em 2 de janeiro, André Gerdau Johannpeter disse que o plano "no longo prazo" era atingir indicador de 2,5 vezes. Tomando como base os dados de setembro, os últimos disponíveis - em que a dívida bruta era de R$ 18,7 bilhões e o caixa, de R$ 5,1 bilhões -, a dívida líquida cairia de R$ 13,6 bilhões para R$ 10,5 bilhões caso os R$ 3,1 bilhões da venda de ativos concretizada de lá para cá fossem somados ao caixa. Já é suficiente para deixar o indicador bem perto da meta, a não ser pela perda do Ebitda dos negócios vendidos.

Nos últimos anos, a Gerdau e outras siderúrgicas brasileiras, como CSN e Usiminas, enfrentaram problemas financeiros por conta de três fatores: retração da demanda, queda nos preços do aço e excesso de oferta, principalmente pela China. Os preços dos vergalhões, uma das especialidades da Gerdau, chegaram a cair para US$ 450 por tonelada em junho de 2016. Hoje, as cotações se recuperaram e já alcançam mais de US$ 750, tanto no Brasil quanto nos EUA.

Por Vanessa Adachi