BNDES amplia prazos e valores e corta o spread no financiamento para energia
O banco vai financiar 80% dos projetos, e reduziu de 1,7% para 1,3% o spread cobrado nas operações para o SEB
02/04/2018

Valor - 29.03.2018 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez três grandes mudanças na política de financiamento para o setor de energia que valem para o próximo leilão de A-4, marcado para a próxima semana. A superintendente de energia da diretoria de infraestrutura do BNDES, Carla Primavera, explicou que o valor financiável e os prazos aumentaram e o spread baixou.

Agora o BNDES vai financiar 80% dos projetos, quando antes o valor era calculado com base em um percentual dos itens financiáveis do projeto, que representam de 50% a 80% do total, dependendo do caso.

O banco também reduziu de 1,7% para 1,3% o spread cobrado nas operações para o setor elétrico nos projetos de geração, transmissão e distribuição. Para o segmento de energia solar, eficiência energética e projetos para aproveitamento de resíduos sólidos urbanos, a queda no spread foi ainda maior: de 1,7% para 0,9%. "Com a TLP e a nova realidade do banco, foram redefinidos os spreads básicos conforme as prioridades do banco", explicou a superintendente.

Outra decisão foi pelo alongamento dos prazos. Carla lembra que os projetos de geração, transmissão e distribuição de energia já tinham prazos mais longos comparados aos de outros setores. No caso dos empreendimentos de geração, o prazo variava de 16 a 20 anos e agora passou para até 24 anos. No caso da distribuição, que tinham de 5 a 7 anos, o prazo foi estendido para até 20 anos.

"A ressalva é que os prazos são sempre atrelados ao contrato de compra e venda de energia, no caso dos projetos de geração. E na distribuição o prazo dependendo do tempo da concessão", disse Carla. "O banco entende que tem papel importante no crédito de longo prazo no país e que devíamos ampliar prazos", disse.

O BNDES também quer ampliar o escopo dos empreendimentos de energia financiados pela instituição. De acordo com Carla, agora o banco quer "inovar" e apoiar projetos destinados também aos mercados livre e de curto prazo. Até então os financiamentos eram destinados prioritariamente para projetos que vendem energia no mercado regulado por meio dos leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

"Observamos duas grandes questões no contexto do setor elétrico e o regulador nos apontou um caminho, que é a separação do lastro e da energia nesse contexto de mercado livre. Além disso, no último leilão houve um número grande de projetos, mas a demanda de contratação no mercado regulado, que é ditado pelas distribuidoras, foi menor. Portanto existe um potencial de investimentos no setor muito grande, mas o leilão tem demanda limitada pela necessidade das distribuidoras. Então queremos tentar viabilizar projetos para expansão da matriz não apenas do ambiente regulado", disse Carla ao explicar a intenção de financiar projetos destinados a ambientes de comercialização híbridos.

Por Cláudia Schüffner