Por R$ 1,27 bilhão, BNDES aceita proposta da AES Corp. pela geradora AES Tietê
Com a venda, o banco embolsa R$ 1,27 bilhão e fica ainda com cerca de 9% da AES Tietê
28/07/2020

Valor Econômico - 27.07.2020 - Acabou na noite de segunda-feira (27) a reunião do BNDES sobre as ofertas pelas ações da AES Tietê e o banco decidiu aceitar a oferta feita pela americana AES Corp. A informação foi antecipada pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, e confirmada em fato relevante divulgado na manhã desta terça-feira (28) pela AES Tietê, com carta anexada do BNDES.

A reunião entre diretoria e conselheiros do banco avaliou a nova proposta da Eneva na segunda-feira, mas considerou o volume de caixa como essencial e o risco societário alto e um processo potencialmente moroso na proposta da companhia.

Com a venda para a AES, o banco vai embolsar R$ 1,27 bilhão e ficar com cerca de 9% da companhia ainda em mãos. Agora, a AES vai levar a Tietê para o Novo Mercado.

Essa já era a sinalização do banco, que seria confirmada em uma reunião no início da tarde de segunda. Mas horas antes da reunião, a Eneva fez ajustes em sua proposta, melhorando os termos em relação à primeira versão. Com mais um capítulo da disputa, as ações dispararam. As units da Tietê subiram 7,07% na B3.

A discussão, prevista para terminar em uma reunião no início da tarde, acabou se estendendo em uma nova convocação às 21h de segunda no banco. Havia expectativa de que o banco pudesse adiar sua decisão para novas análises, mas o conselho quis definir a questão.

O BNDES avaliou que preferia manter o propósito de seu processo, que era desinvestimento e dinheiro no caixa, disse uma fonte ao Valor. O conselho também ponderou a mudança de missão do banco, que não é participar dos planos futuros de companhias brasileiras para criar grandes grupos nacionais ou ser um acionista ativo em empresas diversas de capital aberto. Na questão de governança, aceitou o compromisso de migração para o Novo Mercado.

A Eneva havia elevado de 10% para 17% o prêmio por ação - chamando a atenção e interesse dos demais investidores para o desfecho. No aditamento, a Eneva subiu de R$ 727,9 milhões para R$ 1,99 bilhão a parte de pagamento em dinheiro, na proposta que trata da totalidade da AES Tietê. O restante seria em troca de ações, numa transação que avalia a empresa em R$ 7,9 bilhões. Era a segunda vez que a Eneva eleva o preço - em abril, havia avaliado a companhia em R$ 6,6 bilhões. Na semana passada, elevou para R$ 7,54 bilhões e, na segunda-feira, mostrou nova agressividade para levar a concorrente.

No argumento da Eneva, faria mais sentido valorizar o papel com a formação de uma companhia integrada de energia, que ganharia competitividade. No argumento da AES, a fusão resultaria em uma “poluição” da carteira de ativos renováveis da Tietê, ao adicionar termelétricas movidas a carvão.

A BR Partners assessorou o BNDES, o banco Credit Suisse assessorou a AES, Eno BTG assessorou a Eneva.

Por Maria Luíza Filgueiras