AES quita seu débito do GSF
Empresa pagou R$ 1,3 bilhão que tinha de saldo no mercado de curto prazo, assim os débitos em aberto decorrentes do GSF recuaram a R$ 8 bilhões
11/01/2021

CanalEnergia - 08.01.2021 - A AES Brasil, nome atual da geradora AES Tietê, antecipou  pagamento e liquidou sua dívida no mercado de curto prazo decorrente da disputa acerca do risco hidrológico. O valor liquidado pela empresa soma R$ 1.308.697.964,76 e foi feito à vista. Com isso, o débito total que está represado junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica recuou em R$ 2 bilhões, resultado entre a dívida que a geradora tinha até a data de hoje e os cerca de R$ 700 milhões que a companhia detinha como crédito.

Com isso, a liquidação financeira do MCP tem a sua maior redução dos valores em aberto em um longo período. No último evento dessa natureza, referente às operações de outubro, passou de R$ 10,5 bilhões, e agora é de R$ 8,5 bilhões. Segundo o presidente do conselho de administração da CCEE, Rui Altieri Silva, com esse pagamento os credores que vinham recebendo no máximo 3% de seus créditos deverão agora ter creditados 16% dos valores.

Ele avalia que ainda é um volume proporcionalmente baixo quando comparado ao valor total de direito desses agentes, mas disse à Agência CanalEnergia, que esse passo representa um avanço importante e que sinaliza a confiança nos cálculos e no processo que foi desenvolvido pela entidade quanto à solução do tema risco hidrológico.

A AES Brasil estava no grupo dos seis grandes devedores do débito do GSF que respondiam por cerca de 70% do valor total represado por contas das liminares. Somente a geradora representava 20% desse montante que agora recua para R$ 8,5 bilhões em débitos e R$ 3,7 bilhões em créditos por conta da variação do posicionamento dos agentes ao longo das operações no mercado de curto prazo.

“Esse movimento da AES é uma demonstração de que há confiança em todo o processo de solução do GSF. E é uma sinalização importante de que estamos no caminho certo para a resolução desse problema”, comentou o executivo. “Começamos a liquidação financeira do MCP com débito de R$ 10 bilhões e encerramos com R$ 8 bilhões, é um valor expressivo e ter o pagamento de um grande agente do setor como a AES, demonstra a confiança no processo”, ressaltou.

Altieri disse que ainda não há informação sobre outros agentes que tenham interesse em realizar o pagamento da mesma forma. Semana passada comentou que há agentes sinalizando que a tendência é de aderir ao acordo. Segundo ele, cada empresa sabe da sua condição e o que é melhor para si.

Nesse caso em especial, a AES já vinha afirmando em suas divulgações de resultados que havia a provisão de recursos para o pagamento da dívida em suas demonstrações financeiras.

Em sua mais recente apresentação, feita no início de dezembro, a AES Brasil lembrou que o efeito do GSF para a empresa era de um valor, segundo cálculos da CCEE, da ordem de R$ 636,3 milhões e um passivo a pagar de R$ 1,2 bilhão. Com isso teria direito a uma extensão de contrato de concessão de 1,8 ano.

Naquela oportunidade, a atual CEO da AES Brasil, Clarissa Sadock, comentou que estavam avaliando a adesão e com impacto no quarto trimestre deste ano. Ao aderir, continuou ela, haveria “impacto no resultado no primeiro trimestre, ou semestre, com a saída de caixa e o reconhecimento da despesa com a extensão da concessão”. Segundo a executiva, o prazo passaria de dezembro de 2029 para algo entre 2031 e 2033 com a assinatura de aditivo contratual ainda no primeiro semestre deste ano.

Altieri comentou ainda que apesar do pagamento efetuado ainda há um processo a ser conduzido para oficializar a resolução, que é a homologação do período de concessão adicional pela Aneel, a empresa assinar o temos de desistência judicial e, posteriormente a esses passo, a assinatura do aditivo.

“Esse é um primeiro passo grande e na prática de que os agentes começarão a receber o dinheiro do GSF”, finalizou Altieri.

Por Maurício Godoi