País já têm projetos de geração híbrida para acelerar diversificação da matriz
Biomassa florestal tem alto fator capacidade, que passa de 80%
30/06/2022

Valor Econômico  - Um dos maiores investimentos privados em andamento no Brasil, o “Projeto Cerrado”, vai gerar energia renovável com biomassa florestal a partir de junho de 2024 na região Centro-Oeste. A Suzano está construindo uma nova fábrica em Ribas do Rio Pardo (MS), com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano. Orçado em R$ 19 bilhões - incluindo a logística ferroviária -, o empreendimento deve criar 2,5 mil empregos e exportar em torno de 180 MW médios ao sistema elétrico nacional.
 
“Essa vai ser a planta de celulose mais moderna do mundo, livre de combustível fóssil e com muita tecnologia da indústria 4.0”, conta o gerente executivo de energia da Suzano, Paulo Squariz. “Nossa potência instalada, que hoje é de 1,3 GW, vai passar a 1,7 GW”. Ele acrescenta que, em busca da descarbonização total, a empresa tem como meta aumentar em 50% a geração de energia renovável até 2030.
 
Uma das vantagens do uso da biomassa florestal é a inexistência de entressafra, explica o executivo. A atividade tem um ciclo ininterrupto de 15 meses, com exceção da manutenção programada de dez a 15 dias. Outra vantagem comparativa é seu alto fator capacidade, isto é, o quanto de energia é gerado em relação à capacidade instalada. Enquanto na fonte eólica esse fator fica entre 50% e 55% no Brasil - considerado excelente - e na fotovoltaica, entre 25% a 30%, na biomassa florestal ele passa dos 80%.
 
A Auren Energia tem projetos com fontes renováveis que somam 1,9 GW de capacidade instalada, suficiente para abastecer 8,2 milhões de residências. A empresa está investindo R$ 2 bilhões para expandir sua atuação no Nordeste, com dois complexos eólicos que devem entrar em atividade no início de 2023. Para o mesmo ano está prevista a inauguração da usina Sol do Piauí, com de 68,7 MW. Primeiro projeto fotovoltaico híbrido do Brasil aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ela vai funcionar ao lado do já existente parque eólico Ventos do Piauí I, com uma subestação de transmissão compartilhada.
 
“A hibridização acelera a diversificação da matriz energética brasileira”, assinala a vice-presidente de operações da empresa, Márcia Cunha. “Todos os nossos projetos já nascem hibridizados”. A executiva informa que a Auren tem atuado muito no mercado livre, em franco crescimento, e está avaliando a energia solar distribuída, considerada extremamente atrativa.
 
Em Piracicaba (SP), a Raízen Geo Biogás está construindo sua segunda fábrica de biogás, dedicada à produção de gás natural renovável (biometano). Com inauguração prevista para 2023, a planta de R$ 300 milhões vai usar como insumos a vinhaça e a torta de filtro, resíduos da produção de açúcar e etanol pelo bioparque Costa Pinto. Sua capacidade de produção anual de 26 milhões de m3 foi comercializada para a Yara Brasil Fertilizantes e para a Volkswagen do Brasil em contratos de longo prazo.
 
Nos próximos dez anos, a Raízen planeja construir unidades de produção de biogás em todas as 35 usinas sucroalcooleiras no país. A empresa firmou um acordo com a Petrobras para fazer a avaliação conjunta de potenciais negócios envolvendo produção, compra e venda de biometano. A parceria prevê estudos para o desenvolvimento de soluções de logística de entrega do combustível renovável, que viabilize seu uso nas operações de refino da Petrobras.
 
O presidente do grupo Comerc Energia, Andre Dorf, informou que a empresa investirá cerca de R$ 6 bilhões na construção de diversas usinas solares para elevar sua participação no ramo. Entre elas, as usinas de Castilho (SP), o maior empreendimento fotovoltaico do Estado, e Hélio Valgas (MG).
 
A Engie Brasil Energia anunciou a compra dos direitos de desenvolvimento do projeto Serra do Assuruá, em Gentio de Ouro, noroeste da Bahia, por R$ 265 milhões. Com capacidade instalada de 880 MW, o conjunto de 24 parques eólicos será construído a 160 km dos conjuntos eólicos já existentes Campo Largo e Umburanas. A carteira de projetos de geração renovável da empresa totaliza mais de 3 GW.
 
Por Dauro Veras