Eneva propõe ‘fusão de iguais’ para Vibra
Costura foi feita pela Dynamo, que é sócia das duas companhias, que, juntas, valem R$ 50 bilhões 29/11/2023 Valor 27.11.2023 | A empresa de energia Eneva enviou no domingo (26) carta para a Vibra (ex-BR Distribuidora), de distribuição de combustíveis, propondo uma fusão entre as duas. Pela proposta, as duas teriam a mesma participação na nova companhia combinada, operação conhecida como “merger of equals”, apurou o Valor com fontes a par do assunto. A ideia da transação foi colocada pela gestora Dynamo, que é acionista das duas companhias. A notícia da proposta foi publicada inicialmente pelo “Brazil Journal”. A nova empresa nasce com um valor de mercado de quase R$ 50 bilhões e vai se tornar a terceira maior de energia de capital aberto difuso, atrás da Petrobras e da Eletrobras. Fontes afirmam que a nova empresa terá liquidez diária de R$ 300 milhões. A relação de troca proposta de 50% para cada lado está em linha com a média que as empresas negociaram nos últimos seis meses. A gestora Dynamo, que tem 10,28% de participação na Vibra, e de 10,06% na Eneva, viu os méritos da transação, uma vez que a empresa de energia é vista com crescimento relevante, capacidade de investimento comprovada, alto retorno e fluxos de caixa previsíveis. Já a Vibra tem forte geração de caixa. A Vibra foi informada por carta ontem enviada pela Eneva, mas já estava esperando a formalização da proposta, segundo uma outra pessoa a par do assunto. A Dynamo estava em conversas com ambas já há alguns meses. A expectativa é de que a operação não tenha problema com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A combinação dos negócios entre as duas está alinhada à estratégia da Vibra de ampliar o portfólio de energias oferecido a sua vasta base de clientes B2B. A Vibra tem sido alvo de parte dos petistas que defende reestatizar a companhia. A Petrobras não é mais acionista da Vibra desde 2021. Para a Eneva, o negócio pode ajudar a empresa a reduzir seu nível de alavancagem. Por conta de três grandes aquisições realizadas pela companhia em 2022 - a incorporação da Focus por R$ 936 milhões, a compra da Celse por R$ 6,1 bilhões e a aquisição da Termofortaleza por R$ 489,8 milhões -, a alavancagem da empresa, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, ainda está alta. Além disso, a empresa concluiu as obras nas termelétricas de Jaguatirica e Parnaíba V. Pelo desenho feito, essa nova empresa será uma “corporation” (sem controlador definido) e terá Sérgio Rial como presidente do conselho de administração do grupo. Um novo CEO vai ser indicado para a holding. Os executivos atuais - Lino Cançado, da Eneva, e Ernesto Pousada, da Vibra, permanecem nas lideranças das companhias. Os bancos BTG Pactual e Itaú BBA são os assessores financeiros da Eneva nessa operação. Com a fusão, a nova empresa buscará se fortalecer no setor de renováveis, com capacidade de contribuir para a substituição de combustíveis com menor pegada de CO2 para sua base de clientes, baseado em energia eólica, biogás e etanol. Procurados, Eneva e Vibra não retornaram os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição. Os bancos não quiseram se manifestar sobre o tema. Por Mônica Scaramuzzo e Robson Rodrigues |
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