Copel vende térmica a gás para Âmbar por R$ 320,7 milhões
Ex-estatal busca ainda alienar a Compagás e tenta devolver concessão de usina a carvão
20/12/2023

Valor Econômico - 15.12.2023 | A Companhia Paranaense de Energia (Copel) vendeu sua participação na termelétrica a gás natural Araucária (Uega) para a Âmbar Energia, empresa de energia do grupo J&F, por R$ 320,7 milhões. A Copel detinha 81,2% da usina e a Petrobras tem os outros 18,8%. Num primeiro momento, a petroleira não aderiu ao negócio, mas ela tem até 26 de fevereiro para para aderir aos termos da oferta.

A alienação da usina faz parte do plano de desinvestimento da Copel, que busca descarbonizar a sua matriz de geração. O negócio permitirá ainda que a antiga estatal concentre esforços no segmento de distribuição de energia, principal negócio, e em ativos de geração renovável.

O montante correspondente à participação da Copel foi de R$ 320,7 milhões, levando em conta dívida líquida de R$ 30 milhões. Dessa forma, o valor do patrimônio líquido (equity) totalizou R$ 290,7 milhões. Inicialmente, o desinvestimento iria ocorrer de forma conjunta entre as empresas, mas a Petrobras desistiu de vender sua parte.

O Valor apurou que a New Fortress também chegou a fazer oferta vinculante pelo ativo.

O CEO da Copel, Daniel Slaviero, lembra que na visão estratégica da empresa para 2030 está incluído um plano de neutralidade para reduzir suas emissões de carbono.

“A principal meta era justamente a descarbonização da nossa matriz energética. A venda da Uega foi nosso maior passo nesse sentido para que em 2024 nossa matriz de geração seja 100% renovável, antes do prazo que havíamos estipulado”, diz.

Com capacidade instalada total de 484 MW, a usina entrou em operação em 2002 e tem posição estratégica, já que está próxima ao gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) e de uma refinaria da Petrobras. Mesmo assim, para o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana ainda não está clara a estratégia da Âmbar em comprar um ativo que tem custo operacional caro e é pouco usado pelo sistema. “Até mesmo na crise hídrica ela foi pouco utilizada.”

E apesar do mercado estar fraco, por conta do baixo preço da energia elétrica, que neste ano colocou em compasso de espera um conjunto de operações de fusões e aquisições, o grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, têm feito uma série de investidas no setor. Em setembro, a empresa fechou acordo com a Eletrobras para vender linhas de transmissão e comprar a usina a carvão de Candiota 3, de 350 MW de potência instalada. Mais recentemente a empresa entrou no setor de óleo e gás com a compra da Fluxus, do empresário Ricardo Savini.

A Copel tem ainda no portfólio a usina a carvão de Figueira, de 20 MW, que representa menos de 1% de sua potência instalada.

Localizada na região denominada Vale Rio do Peixe, no nordeste do Estado, a termelétrica em breve será removida do portfólio da Copel. A empresa está atualmente em processo de devolução da concessão para a União. A intenção foi formalmente protocolada em 30 de outubro e aguarda resposta do Ministério de Minas e Energia.

Entre os planos da empresa está ainda a venda da Companhia Paranaense de Gás (Compagás). A companhia detém 51% da distribuidora de gás natural canalizado no Estado do Paraná e deve vender a totalidade da participação. O prazo para a entrega das propostas não vinculantes termina neste mês de é dezembro.

Por Robson Rodrigues e Fernanda Guimarães